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Como as expectativas afetam nossos relacionamentos

  • Foto do escritor: Ana Luiza Faria
    Ana Luiza Faria
  • 3 de out.
  • 2 min de leitura

Por Ana Luiza Faria

Colagem surrealista delicada de um homem vintage entre linhas douradas e pretas com flores e folhas secas, simbolizando como as expectativas afetam nossos relacionamentos
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Desde cedo aprendemos a projetar imagens sobre o que esperar dos outros. Criamos ideias sobre como alguém deve se comportar, falar, demonstrar afeto ou responder aos nossos gestos. Essas projeções silenciosas, muitas vezes invisíveis até para nós mesmos, tornam-se guias ocultos que direcionam a forma como nos aproximamos e convivemos.


As expectativas funcionam como molduras: delimitam o espaço onde o outro poderia se mover e, ao mesmo tempo, reduzem a possibilidade de percebermos aquilo que escapa do esperado. Quando a pessoa não corresponde ao que idealizamos, surge a frustração, um vazio que muitas vezes não está no que o outro fez ou deixou de fazer, mas no abismo entre o que criamos mentalmente e a realidade que se apresenta.


Essa distância pode se tornar fonte de conflito. Quantas vezes nos decepcionamos não porque houve uma falha objetiva, mas porque o gesto recebido não correspondeu à forma como imaginávamos que deveria ser? O silêncio de um amigo pode ser interpretado como indiferença, quando, na verdade, pode ser apenas um modo diferente de lidar com o próprio tempo. A ausência de uma palavra de carinho pode soar como desamor, quando pode simplesmente significar que o outro expressa cuidado de formas diversas.


As expectativas não são apenas individuais; elas também são alimentadas por modelos sociais, culturais e familiares. Esperamos de um parceiro que aja de determinada maneira porque aprendemos que essa seria a “forma correta” de demonstrar amor. Criamos imagens sobre o que um filho “deveria” realizar ou sobre como os pais “deveriam” se portar. Esse imaginário compartilhado é transmitido de geração em geração, e muitas vezes pesa sobre nós como se fosse natural, quando, na realidade, trata-se de construções.


Ao mesmo tempo, as expectativas têm um papel ambíguo: podem impulsionar vínculos ou sufocá-los. Quando equilibradas, ajudam a dar direção às relações, favorecendo acordos e compreensão mútua. No entanto, quando se tornam rígidas, transformam-se em exigências silenciosas que o outro não sabe que precisa cumprir. É nesse ponto que muitos vínculos se desgastam, pois ninguém consegue sustentar por muito tempo o peso de ocupar o lugar idealizado pelo outro.


Refletir sobre esse processo não significa abandonar toda e qualquer expectativa, mas reconhecê-las como parte do encontro com o outro. Ao perceber que elas existem, ganhamos a chance de transformá-las em algo menos rígido, abrindo espaço para acolher a singularidade de quem está diante de nós. É nesse espaço de abertura que os relacionamentos encontram maior liberdade para florescer.


Afinal, quando reduzimos a necessidade de que tudo corresponda ao que imaginamos, surge a possibilidade de nos surpreendermos. O inesperado, nesse contexto, não precisa ser ameaça, mas pode ser convite para descobrir modos diferentes de estar junto, mais próximos da realidade do que da projeção.


Como as expectativas afetam nossos relacionamentos

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