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Escritos, artigos e catarses

Por Ana Luiza Faria

Mulher contemplativa em colagem surrealista com flores e folhas secas, refletindo sobre as lições das diferentes fases da vida
© Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização.

A vida se apresenta como um fluxo contínuo, em que cada momento carrega em si uma experiência única. Não se trata apenas de marcar o tempo em anos, mas de perceber como a existência nos coloca diante de situações que nos convidam a olhar para nós mesmos de maneiras diferentes. Há aprendizados que surgem da espera, da frustração, da alegria intensa ou do silêncio que nos envolve.

O que muda ao longo da vida não é apenas o corpo ou o entorno, mas a nossa percepção do mundo. Experiências que antes nos pareciam pequenas podem se revelar fundamentais para compreendermos a complexidade de nossos sentimentos. E, da mesma forma, desafios que nos parecem insuportáveis podem, com o tempo, tornar-se fontes de compreensão e até de gratidão.

É interessante notar que a vida nos ensina por contraste. Sentir perda e perda de controle nos permite valorizar momentos de serenidade; experimentar frustração nos torna mais atentos às pequenas vitórias; conviver com a incerteza nos ajuda a perceber que a rigidez de expectativas pode ser um obstáculo para o crescimento. Esses aprendizados não estão atrelados a idades específicas, mas à maneira como nos relacionamos com o que acontece.

Refletir sobre a vida sob essa perspectiva ajuda a perceber que cada instante, cada fase, tem seu significado. Nenhum momento é isolado; todos estão interconectados, formando um tecido complexo de experiências que nos moldam. O que importa não é apenas atravessar o tempo, mas observar como cada experiência nos transforma e nos aproxima de um entendimento mais profundo sobre nós mesmos.

O convite, portanto, não é controlar ou acelerar a vida, mas perceber suas lições em cada gesto, em cada pausa, em cada emoção. Ao compreender que cada fase tem sua própria riqueza de aprendizado, podemos olhar para a trajetória pessoal com mais aceitação e curiosidade, reconhecendo que a vida é uma série de convites ao autoconhecimento e à reflexão.


Como diferentes fases da vida têm suas próprias lições

Por Ana Luiza Faria

Colagem surrealista de formas orgânicas, linhas douradas e pretas, figura introspectiva com flores secas
© Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização.

Há em nós uma região silenciosa, invisível aos olhos do cotidiano, mas que move cada gesto com a força de um enigma. Chamamos de inconsciente, como se nomear fosse suficiente para contê-lo. No entanto, quanto mais o tentamos definir, mais ele escapa, mais revela seus paradoxos. É nesse território onde o oculto se mistura com o evidente, onde o reprimido encontra maneiras criativas de emergir, que a existência se revela complexa.


O inconsciente carrega memórias que juramos ter esquecido. Ele não esquece. Um cheiro súbito pode trazer de volta uma cena inteira, com cores, sensações e até mesmo lágrimas que já pareciam dissolvidas no tempo. O paradoxo está aí: o que tentamos calar, retorna, não como repetição mecânica, mas como um fragmento que insiste em se inscrever na vida presente.


Também é no inconsciente que o desejo se esconde, mas nunca adormece. Muitas vezes acreditamos que sabemos o que queremos, quando na verdade seguimos guiados por forças que não passam pelo crivo da razão. O desejo inconsciente não é linear, não é lógico e é justamente essa desordem que nos mantém em movimento. Ele nos leva a escolhas inesperadas, a quedas inexplicáveis, a paixões improváveis. A racionalidade, sozinha, não dá conta de explicar por que certos caminhos nos atraem mais que outros.


Outro paradoxo: o inconsciente revela a verdade disfarçada em mentira, e a mentira embutida em uma aparente verdade. O sonho, por exemplo, inventa narrativas absurdas que, no entanto, dizem mais sobre nós do que gostaríamos de admitir. O lapso, o ato falho, a palavra atravessada são pequenas brechas por onde ele se anuncia. Tentamos manter o controle, mas ele se infiltra nas fissuras da linguagem, lembrando-nos de que somos mais vastos do que aquilo que conseguimos enunciar.


Viver, então, é lidar com essa zona de sombra que insiste em nos habitar. Não se trata de eliminá-la, mas de escutá-la. Os paradoxos do inconsciente nos lembram que não somos donos absolutos de nós mesmos, e talvez seja justamente nesse descontrole que se encontre a possibilidade de criação, de liberdade e de reinvenção.


O inconsciente nos desconcerta, mas também nos oferece profundidade. Nos coloca diante de uma pergunta essencial: será que precisamos mesmo compreender tudo para viver plenamente? Ou talvez a vida se sustente nesse equilíbrio instável, onde razão e mistério se entrelaçam sem jamais se dissolver por completo.

O inconsciente e seus paradoxos

Por Ana Luiza Faria

Colagem surrealista sobre autenticidade mulher entre flores secas, linhas douradas e pretas, em fundo de papel levemente amassado
© Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização.

Ser autêntico parece uma promessa bonita, mas na prática é quase sempre um desafio. Crescemos aprendendo a caber nos moldes que nos oferecem: a boa criança, o aluno aplicado, a pessoa educada, o profissional que não erra. Muito cedo, descobrimos que ser aceito pode depender menos do que somos e mais do que mostramos ser. E nesse entrechoque, nasce o medo do julgamento.


Esse medo é sutil. Ele se infiltra nos gestos mais simples: na roupa que escolhemos, nas palavras que deixamos de dizer, no silêncio que cultivamos quando gostaríamos de discordar. Ele faz parecer perigoso expressar a própria voz, como se o olhar do outro tivesse o poder de definir quem somos.


O julgamento funciona como um espelho distorcido. Ele nos devolve não a nossa imagem real, mas a versão filtrada pelas expectativas alheias. Quando vivemos debaixo desse espelho, esquecemos que a autenticidade não é aprovada em assembleia, mas sentida por dentro. O medo, então, nos afasta de nós mesmos, tornando-nos atores de um roteiro que nunca escrevemos.


Há quem acredite que ser autêntico é sempre ousado, quase revolucionário. Mas muitas vezes é apenas um gesto íntimo: falar de uma fragilidade, admitir uma dúvida, dizer “não” quando esperam um “sim”. O peso do julgamento é que transforma esses gestos simples em algo arriscado.


No fundo, o medo de não ser aceito nasce de uma verdade desconfortável: todos precisamos de pertencimento. Queremos ser amados, respeitados, vistos. Só que, ao tentar garantir a aceitação a qualquer custo, acabamos renunciando ao que é mais essencial nossa singularidade. Paradoxalmente, é essa singularidade que pode nos conectar de forma mais genuína com os outros.


Ser autêntico exige coragem. E coragem não é ausência de medo, mas atravessá-lo. Talvez nunca deixemos de sentir o desconforto do julgamento, mas podemos aprender a viver sem deixar que ele dite nossas escolhas. Porque o preço de agradar a todos é quase sempre alto demais: perder de vista quem realmente somos.


Por que o medo do julgamento nos impede de ser autênticos

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