Por que o medo do julgamento nos impede de ser autênticos
- Ana Luiza Faria
- 19 de set.
- 2 min de leitura
Por Ana Luiza Faria

Ser autêntico parece uma promessa bonita, mas na prática é quase sempre um desafio. Crescemos aprendendo a caber nos moldes que nos oferecem: a boa criança, o aluno aplicado, a pessoa educada, o profissional que não erra. Muito cedo, descobrimos que ser aceito pode depender menos do que somos e mais do que mostramos ser. E nesse entrechoque, nasce o medo do julgamento.
Esse medo é sutil. Ele se infiltra nos gestos mais simples: na roupa que escolhemos, nas palavras que deixamos de dizer, no silêncio que cultivamos quando gostaríamos de discordar. Ele faz parecer perigoso expressar a própria voz, como se o olhar do outro tivesse o poder de definir quem somos.
O julgamento funciona como um espelho distorcido. Ele nos devolve não a nossa imagem real, mas a versão filtrada pelas expectativas alheias. Quando vivemos debaixo desse espelho, esquecemos que a autenticidade não é aprovada em assembleia, mas sentida por dentro. O medo, então, nos afasta de nós mesmos, tornando-nos atores de um roteiro que nunca escrevemos.
Há quem acredite que ser autêntico é sempre ousado, quase revolucionário. Mas muitas vezes é apenas um gesto íntimo: falar de uma fragilidade, admitir uma dúvida, dizer “não” quando esperam um “sim”. O peso do julgamento é que transforma esses gestos simples em algo arriscado.
No fundo, o medo de não ser aceito nasce de uma verdade desconfortável: todos precisamos de pertencimento. Queremos ser amados, respeitados, vistos. Só que, ao tentar garantir a aceitação a qualquer custo, acabamos renunciando ao que é mais essencial nossa singularidade. Paradoxalmente, é essa singularidade que pode nos conectar de forma mais genuína com os outros.
Ser autêntico exige coragem. E coragem não é ausência de medo, mas atravessá-lo. Talvez nunca deixemos de sentir o desconforto do julgamento, mas podemos aprender a viver sem deixar que ele dite nossas escolhas. Porque o preço de agradar a todos é quase sempre alto demais: perder de vista quem realmente somos.
Por que o medo do julgamento nos impede de ser autênticos


