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Como identificar quando você está vivendo no piloto automático

  • Foto do escritor: Ana Luiza Faria
    Ana Luiza Faria
  • 4 de out.
  • 2 min de leitura

Por Ana Luiza Faria

Colagem surrealista de uma mulher caminhando em piloto automático com flores e folhas secas em fundo de papel amassado
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Há momentos em que os dias parecem se repetir sem que percebamos. Acordamos, seguimos uma rotina, cumprimos tarefas, passamos pelas mesmas ruas, realizamos conversas habituais. Mas, quando olhamos para trás, muitas vezes não conseguimos lembrar com clareza de como ocupamos cada instante. Essa sensação de estar apenas reagindo aos acontecimentos, em vez de estar realmente presente, é um dos sinais de que podemos estar vivendo no chamado piloto automático.


Viver dessa forma não significa apenas manter hábitos. O automatismo se instala quando a repetição se transforma em ausência de atenção. É como se estivéssemos presentes fisicamente, mas a mente vagasse em outro lugar. Um exemplo comum acontece em trajetos conhecidos: dirigir ou caminhar por uma rua e, ao chegar ao destino, perceber que não se recorda dos detalhes do percurso. O corpo esteve ali, mas a experiência passou despercebida.


Esse mecanismo pode ser compreendido como uma economia de energia do cérebro. Pesquisas apontam que grande parte das nossas ações diárias é realizada de forma automática, justamente para poupar esforço cognitivo (Bargh & Chartrand, 1999). O problema não está em utilizar essa função ela é necessária. O risco surge quando a maior parte da vida se resume a esse estado, sem espaço para a consciência dos próprios sentimentos, escolhas e experiências.


Identificar esse modo de funcionamento exige certa pausa. Um indício é perceber quando as conversas se tornam superficiais, repetitivas, sem uma escuta real do outro. Outro sinal está na dificuldade de lembrar de pequenos detalhes do dia: o sabor do café, a expressão de alguém querido, o caminho do vento pela janela. A ausência dessas memórias pode mostrar que os instantes passaram sem que fossem vividos de fato.


Outro aspecto importante é notar a desconexão entre o que se faz e o que se sente. Há quem realize diversas atividades, mas com a sensação constante de vazio, como se nada tivesse real valor. Essa lacuna revela que, mesmo em movimento, não há uma presença genuína. A vida se torna uma sequência de compromissos que preenche o tempo, mas não necessariamente gera sentido.


Sair desse estado não acontece por meio de grandes transformações imediatas. Muitas vezes começa por pequenos gestos de atenção. Perceber a respiração por alguns segundos, observar as cores ao redor, prestar atenção nas palavras durante uma conversa. Esses instantes breves interrompem o fluxo automático e criam frestas de consciência.


Estar atento ao fato de que é possível viver em piloto automático já é um passo importante. Reconhecer esse funcionamento abre espaço para escolhas mais conscientes, em que a vida deixa de ser apenas uma repetição e ganha novamente textura, profundidade e presença.


Referência Bibliográfica Como identificar quando você está vivendo no piloto automático


BARGH, J. A.; CHARTRAND, T. L. The Unbearable Automaticity of Being. American Psychologist, v. 54, n. 7, p. 462–479, 1999.


Como identificar quando você está vivendo no piloto automático

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