Como a criação de metas realistas pode promover o bem-estar
- Ana Luiza Faria
- 28 de out. de 2024
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Por Ana Luiza Faria

A vida cotidiana muitas vezes nos apresenta um leque de desafios e pressões que podem desencadear sentimentos de ansiedade e insegurança. Nesse cenário, a criação de metas realistas emerge como uma estratégia valiosa para cultivar o bem-estar. Ao estabelecermos objetivos alcançáveis e significativos, podemos não apenas direcionar nossos esforços, mas também fortalecer nossa autoestima e gerenciar a ansiedade de maneira mais eficaz.
A importância de metas realistas está intrinsicamente ligada ao nosso sentido de realização. Quando definimos objetivos que são plausíveis, estamos essencialmente reconhecendo nossas capacidades e limitações. Isso nos ajuda a construir um senso de autoeficácia — a crença de que podemos atingir o que nos propomos. De acordo com um estudo conduzido por Locke e Latham (2002), a definição de metas específicas e desafiadoras, mas alcançáveis, está associada a um desempenho superior em comparação com a ausência de metas ou a definição de metas vagamente formuladas. Essa relação sugere que as metas realistas não apenas orientam nossas ações, mas também desempenham um papel crucial na nossa motivação e satisfação.
Um aspecto essencial da criação de metas é a sua capacidade de reduzir a ansiedade. Muitas vezes, a ansiedade surge da incerteza e da falta de controle. Ao estabelecer metas claras e realistas, proporcionamos a nós mesmos uma estrutura. Essa estrutura nos ajuda a mapear os passos necessários para alcançar nossos objetivos, diminuindo a sensação de sobrecarga que pode acompanhar a ambição de objetivos irreais. O conceito de "fracasso ao tentar" é um dos principais gatilhos da ansiedade, e quando nos propomos metas que estão além das nossas capacidades, acabamos criando um ciclo vicioso de frustração e autocrítica. Nesse sentido, metas realistas atuam como um antídoto para a ansiedade, proporcionando um caminho claro e mensurável a seguir.
Além disso, a criação de metas realistas promove um ciclo de reforço positivo. Cada pequena conquista, mesmo que modesta, nos oferece uma sensação de progresso e competência. Quando reconhecemos e celebramos essas vitórias, mesmo as menores, estamos alimentando nossa autoestima e autoconfiança. Um estudo de Schunk (2003) demonstrou que o feedback positivo, resultante do cumprimento de metas, pode aumentar significativamente a motivação e a disposição para enfrentar novos desafios. Portanto, ao traçar metas que são alcançáveis, estamos não apenas construindo um caminho mais claro, mas também cultivando um ambiente interno mais saudável e resiliente.
A autoavaliação também desempenha um papel significativo na criação de metas realistas. É fundamental refletir sobre nossas capacidades, valores e circunstâncias atuais antes de definir o que consideramos possível. A prática da autorreflexão nos permite entender melhor o que realmente desejamos e o que é realista dentro do nosso contexto de vida. Este processo pode ajudar a desmistificar a ideia de sucesso, que muitas vezes está carregada de expectativas sociais e culturais. Quando avaliamos nossas metas a partir de uma perspectiva interna, somos capazes de moldá-las de maneira que ressoem com nossas verdadeiras aspirações, ao invés de meramente reproduzir o que a sociedade espera de nós.
Outro ponto relevante é a flexibilidade nas metas. As circunstâncias da vida podem mudar rapidamente, e o que pode parecer uma meta realista em um determinado momento pode não se sustentar no futuro. Portanto, ser flexível e adaptar as metas à medida que novas informações ou experiências surgem é essencial para o bem-estar. Esta abordagem não apenas nos ajuda a evitar a frustração, mas também nos capacita a responder de forma mais saudável às mudanças, tornando-nos mais resilientes em face das adversidades.
A criação de metas realistas também oferece um espaço seguro para explorar e lidar com nossos medos e inseguranças. Quando temos objetivos que se alinham com nossas capacidades, podemos nos permitir errar e aprender com as falhas, ao invés de nos sentirmos derrotados por elas. Esta perspectiva pode aliviar a pressão que muitas vezes acompanhamos em nossas jornadas, permitindo que vejamos o caminho como uma oportunidade de crescimento, e não como uma prova de valor pessoal.
Ao estabelecermos objetivos que considerem nossas capacidades e circunstâncias, conseguimos não apenas direcionar nossos esforços de forma mais produtiva, mas também cultivar um ambiente interno de segurança e autoconfiança. Essa prática nos permite lidar com a ansiedade de maneira mais saudável e reforça a autoestima, à medida que reconhecemos nossas conquistas, por menores que sejam. Portanto, refletir sobre o que realmente desejamos e traçar um caminho viável é fundamental para investirmos em nossa saúde emocional e psicológica, abrindo espaço para um desenvolvimento pessoal mais equilibrado e satisfatório.
Referências:
Locke, E. A., & Latham, G. P. (2002). Building a practically useful theory of goal setting and task motivation: A 35-year odyssey. American Psychologist, 57(9), 705-717.
Schunk, D. H. (2003). Self-efficacy for reading and writing: Influence of modeling, goal setting, and self-evaluation. Reading & Writing Quarterly, 19(2), 159-172.