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Do que é feito o pensamento: A língua como janela para a natureza humana de Steven Pinker

  • Foto do escritor: Ana Luiza Faria
    Ana Luiza Faria
  • 8 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Por Ana Luiza Faria

Do que é feito o pensamento

O pensamento humano é um dos aspectos mais intrigantes e complexos da nossa mente. Steven Pinker, em seus estudos sobre a mente e a linguagem, explora como a capacidade de pensar e processar informações moldou nossa evolução e continua a impactar nosso comportamento diário. Para Pinker, o pensamento não é uma entidade abstrata, mas sim um produto das interações entre o cérebro, o corpo e o ambiente.


A base do pensamento está ligada ao processamento de informações, à maneira como nosso cérebro codifica, armazena e recupera dados. Cada ideia que formamos, cada decisão que tomamos, resulta de uma combinação de memórias, percepções e experiências. Em outras palavras, pensar é conectar pontos. No dia a dia, quando nos deparamos com um problema, nosso cérebro rapidamente acessa informações relevantes, processa possíveis soluções e toma decisões – tudo isso em frações de segundos. Esse processo pode parecer simples, mas é incrivelmente sofisticado.


No contexto da saúde mental, entender o que é o pensamento nos ajuda a compreender como nossas crenças e padrões de raciocínio influenciam nossas emoções e comportamentos. Uma pessoa que enfrenta altos níveis de estresse, por exemplo, pode ter pensamentos recorrentes sobre fracasso ou insuficiência, criando um ciclo vicioso de ansiedade. Esses pensamentos, muitas vezes automáticos, geram comportamentos que reforçam o estado emocional negativo. A psicanálise, nesse sentido, propõe que muitos dos nossos pensamentos conscientes e inconscientes estão enraizados em experiências passadas e dinâmicas internas que moldam nossa percepção da realidade.


Um exemplo claro dessa conexão entre pensamento e comportamento pode ser visto no conceito de "ruminação". Quando uma pessoa fica presa em um ciclo de pensamentos negativos repetitivos, ela tende a agir de maneira autodestrutiva ou a evitar situações que poderiam trazer crescimento. Esse ciclo não é algo fácil de quebrar, pois está profundamente conectado ao funcionamento do cérebro, que, em certos momentos, privilegia a segurança sobre a mudança.


Steven Pinker também destaca que a linguagem é uma ferramenta fundamental para o pensamento. Não apenas pensamos com palavras, mas a maneira como articulamos nossos pensamentos pode moldar nossa realidade. Frases como “eu sou incapaz” ou “eu nunca consigo” têm um impacto direto sobre o comportamento de uma pessoa, influenciando a forma como ela age ou reage em diferentes situações. Assim, o pensamento e a linguagem se entrelaçam para formar uma narrativa pessoal, que muitas vezes reflete e reforça nossas crenças internas.


Se trazermos essa reflexão para o campo da psicanálise, Freud já sugeria que o inconsciente exerce um papel fundamental em nossos pensamentos. Ele propôs que muitos dos nossos processos mentais operam fora da nossa percepção consciente, influenciando nossas ações de maneiras que não conseguimos controlar completamente. Essa ideia complementa a visão de Pinker de que o pensamento é tanto uma construção cognitiva quanto uma resposta emocional e comportamental. A diferença está no enfoque: enquanto a psicanálise se volta para os desejos inconscientes, Pinker investiga o funcionamento neural e evolutivo que permite o pensamento.


É importante também notar como o ambiente exerce uma influência substancial sobre os nossos pensamentos. No ritmo frenético da vida moderna, somos bombardeados por informações, estímulos e exigências que moldam o modo como pensamos e agimos. Em muitos casos, isso pode levar a uma sobrecarga mental, dificultando a capacidade de refletir e tomar decisões equilibradas. A nossa saúde mental, então, depende de encontrar maneiras de desacelerar e processar o que está acontecendo ao nosso redor de forma mais consciente.


Um exemplo prático dessa sobrecarga é o impacto do uso excessivo de tecnologia. Estudos recentes mostram que o excesso de estímulos digitais pode fragmentar a nossa atenção, prejudicando nossa capacidade de manter pensamentos profundos e coerentes. A prática de "pausas digitais", onde deliberadamente nos afastamos de dispositivos tecnológicos, tem sido uma forma eficaz de restaurar o foco e a clareza mental. Pinker, inclusive, argumenta que a nossa evolução não nos preparou para lidar com a quantidade de informações que enfrentamos diariamente, o que reforça a importância de criar momentos de pausa.


Pensar, no fim das contas, é um ato profundamente humano que nos conecta com quem somos e com o que desejamos. A qualidade dos nossos pensamentos influencia diretamente nossa saúde mental e nosso bem-estar geral. Se conseguirmos compreender melhor como pensamos, seja por meio das contribuições da neurociência de Pinker ou das reflexões da psicanálise, podemos também ajustar nossos comportamentos e emoções para alcançar um equilíbrio maior em nossas vidas.

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