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Violência doméstica e saúde mental

  • Foto do escritor: Ana Luiza Faria
    Ana Luiza Faria
  • 24 de set. de 2024
  • 3 min de leitura

Por Ana Luiza Faria

Violência Doméstica

A violência doméstica é uma questão grave que afeta profundamente a saúde mental das vítimas. As agressões, sejam elas físicas, emocionais ou psicológicas, geram um ambiente de medo e constante tensão. A pessoa que vive essa situação pode se sentir aprisionada, tanto física quanto emocionalmente, o que compromete sua capacidade de lidar com o trauma e o estresse. O ciclo de violência tende a enfraquecer a autoestima e a percepção de valor pessoal, deixando marcas profundas que impactam a maneira como a vítima se relaciona com o mundo.


O impacto emocional desse tipo de violência pode se manifestar de várias maneiras. Sentimentos de culpa e vergonha são comuns, muitas vezes induzidos pelo próprio agressor como forma de manipulação. Esses sentimentos negativos podem levar a pessoa a se isolar, temendo julgamentos externos ou acreditando que não merece ajuda. O isolamento agrava a situação, pois impede que a vítima busque apoio e encontre caminhos para lidar com as consequências emocionais da violência. A solidão amplifica a sensação de impotência.


Além das emoções, a violência doméstica também interfere no comportamento da pessoa afetada. Medos excessivos, dificuldades para dormir e episódios de ansiedade são comuns, especialmente quando a vítima vive em um ambiente onde o abuso é constante. A incerteza sobre o que pode acontecer a qualquer momento gera um estado de alerta contínuo, que desgasta o corpo e a mente. A longo prazo, esse estresse constante pode resultar em problemas de saúde mental mais severos, dificultando ainda mais o processo de recuperação.


O vínculo emocional com o agressor também é um fator relevante, pois, muitas vezes, a vítima sente-se presa a esse relacionamento por laços afetivos ou dependência econômica. Esse vínculo pode ser explorado como uma forma de controle, tornando ainda mais difícil a saída da situação de abuso. A relação ambivalente, de amor e medo, cria uma confusão interna que impacta diretamente na capacidade da vítima de tomar decisões que a protejam. Esse conflito emocional agrava ainda mais a vulnerabilidade da pessoa.


Crianças que crescem em lares onde há violência doméstica também sofrem impactos profundos em sua saúde mental. Elas são expostas a um ambiente de constante tensão e medo, o que afeta seu desenvolvimento emocional e cognitivo. O medo de serem machucadas ou de verem seus entes queridos sendo agredidos pode gerar comportamentos retraídos ou agressivos. A vivência de tais traumas na infância pode influenciar a forma como esses indivíduos vão se relacionar no futuro, muitas vezes perpetuando ciclos de violência.


A recuperação da saúde mental de quem vivencia a violência doméstica é um processo delicado e complexo. As marcas deixadas pelo abuso não desaparecem rapidamente, e a reconstrução de uma identidade saudável demanda tempo e suporte. A vítima precisa de um ambiente seguro e de uma rede de apoio sólida para começar a se reconectar consigo mesma e com o mundo ao seu redor. É nesse contexto que se busca formas de entender as emoções e desenvolver uma capacidade de superação, apesar dos traumas vividos.


Outro aspecto importante é a necessidade de romper o silêncio que muitas vítimas mantêm em torno da violência que sofrem. O medo de represálias e o estigma social contribuem para que muitas pessoas não relatem os abusos, prolongando o ciclo de sofrimento. No entanto, ao falar sobre a violência, a vítima abre espaço para que a sociedade compreenda melhor essa realidade e ofereça apoio. A quebra desse silêncio é um passo importante para a libertação emocional e mental.


A sociedade também desempenha um papel crucial na forma como a violência doméstica é abordada e tratada. A conscientização sobre o impacto da violência na saúde mental das vítimas é essencial para que políticas públicas mais eficazes sejam desenvolvidas. Além disso, a empatia e o suporte da comunidade ajudam as vítimas a sentirem que não estão sozinhas. É necessário que todos compreendam a gravidade da situação e ofereçam suporte, sem julgamento, para ajudar no processo de cura.


O caminho para a recuperação exige uma mudança na percepção da própria vítima sobre seu valor e direitos. Muitas vezes, a violência doméstica mina profundamente a autoestima, fazendo com que a pessoa acredite que merece o que está acontecendo. A conscientização sobre o próprio valor e o reconhecimento de que todos têm direito a uma vida segura e livre de abusos são fundamentais para a reconstrução emocional. Esse processo é parte de um esforço contínuo para romper com o ciclo de violência.


Por fim, é crucial entender que a violência doméstica não afeta apenas a vítima, mas toda a estrutura social ao seu redor. O impacto sobre familiares, amigos e até mesmo sobre as gerações futuras pode ser devastador. Por isso, a abordagem da violência doméstica deve ser ampla, envolvendo não só a vítima, mas também a comunidade, com o intuito de quebrar esse ciclo destrutivo e garantir que futuras gerações possam crescer em ambientes saudáveis e seguros.

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