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A influência dos hormônios no humor

  • Foto do escritor: Ana Luiza Faria
    Ana Luiza Faria
  • 5 de nov. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 2 de dez. de 2024

Por Ana Luiza Faria

A influência dos hormônios no humor

O humor é influenciado por diversos fatores, mas os hormônios desempenham um papel fundamental e, muitas vezes, menos compreendido. Essas substâncias químicas, produzidas por glândulas do sistema endócrino, regulam uma série de funções no corpo e podem provocar alterações significativas no estado emocional e no comportamento. Os hormônios agem como mensageiros químicos, levando informações entre diferentes partes do corpo e, assim, influenciando o funcionamento de vários sistemas, incluindo o sistema nervoso. Essa comunicação é crucial para manter o equilíbrio, conhecido como homeostase. Entre os hormônios mais associados ao humor, estão a serotonina, a dopamina, a adrenalina e o cortisol, cada um com uma função específica e impacto próprio no bem-estar mental. A serotonina, conhecida popularmente como o “hormônio da felicidade”, regula o humor, o apetite e o sono. Baixos níveis desse hormônio estão frequentemente ligados a sentimentos de tristeza, depressão e até mesmo falta de motivação. A produção de serotonina depende, em grande parte, da presença de triptofano, um aminoácido encontrado em alimentos como ovos, leite e nozes. Já a dopamina, o “hormônio da recompensa”, é essencial para o sentimento de prazer e de satisfação, sendo ativada em momentos de conquista ou expectativa positiva, como ao completar uma tarefa desafiadora. Deficiências de dopamina podem levar a apatia e até mesmo contribuir para condições como a depressão e transtornos de motivação. O cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”, é liberado pelas glândulas suprarrenais em resposta a situações de ameaça ou estresse. Embora seu papel seja preparar o corpo para enfrentar desafios, a liberação constante e em altos níveis de cortisol pode resultar em sensações de ansiedade e irritabilidade. O controle do cortisol é importante para manter o equilíbrio mental e físico, pois o estresse prolongado pode causar impacto direto no humor. A adrenalina, assim como o cortisol, é liberada em situações de estresse, dando energia para enfrentar uma ameaça. No entanto, a adrenalina tende a desaparecer mais rapidamente após o término do evento estressante. Em excesso, porém, pode provocar tensão e afetar o humor de maneira negativa, principalmente em pessoas sujeitas a altos níveis de estresse.


As flutuações hormonais ao longo da vida também exercem grande influência no humor. Na adolescência, por exemplo, os níveis de estrogênio e testosterona aumentam significativamente, contribuindo para mudanças bruscas de humor, frequentes nesse período. Já em fases como a gravidez, os níveis de progesterona e estrogênio sobem, e isso pode provocar uma variedade de reações emocionais, desde a euforia até quadros de ansiedade. Durante a menopausa, as quedas nos níveis de estrogênio também têm um impacto relevante, muitas vezes gerando sensações de irritabilidade, tristeza e até mesmo uma maior sensibilidade emocional. Em homens, a andropausa, com a redução gradual de testosterona, pode também influenciar diretamente o humor, provocando, por exemplo, cansaço, falta de disposição e variações emocionais.


A produção e a regulação hormonal não são fatores exclusivamente biológicos; são influenciados pelo ambiente, pela qualidade das relações sociais e até mesmo pela alimentação. Estudos recentes indicam que, em ambientes estressantes, a produção de cortisol aumenta, intensificando as respostas de ansiedade e diminuindo os níveis de dopamina e serotonina. A neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se modificar, também exerce um papel importante. Em situações de estresse crônico, o cérebro se adapta a essa nova realidade e passa a liberar mais hormônios ligados ao estresse, como o cortisol, em detrimento dos hormônios que proporcionam bem-estar. Essa adaptação é reversível, mas exige um ambiente favorável, como o suporte social e práticas que promovam o relaxamento.


O equilíbrio hormonal pode ser favorecido por meio de práticas que integram o bem-estar físico e mental. A alimentação, por exemplo, tem um impacto direto na produção hormonal. Uma dieta rica em nutrientes essenciais, como ômega-3, vitaminas do complexo B e triptofano, pode ajudar na produção de serotonina e dopamina, influenciando positivamente o humor. O exercício físico também é um excelente regulador hormonal. Atividades físicas liberam endorfinas, que são compostos que promovem uma sensação de prazer e relaxamento. Esse processo ajuda a regular o estresse e, ao longo do tempo, pode reduzir os níveis de cortisol no organismo. Além disso, a prática regular de exercícios melhora o sono, que, por sua vez, é essencial para o equilíbrio hormonal, uma vez que a privação de sono está associada a variações negativas no humor e a um aumento nos níveis de cortisol.


Embora fatores hormonais muitas vezes estejam fora do controle consciente, a conscientização de como esses hormônios afetam o humor pode ajudar a lidar melhor com as mudanças emocionais. O autoconhecimento permite que se percebam os momentos em que o estresse ou a oscilação de humor ocorrem e, com isso, possibilita a adoção de estratégias mais saudáveis para manter o equilíbrio. Os hormônios exercem uma influência constante e significativa sobre o humor. Embora muitas vezes sejam interpretados apenas como causas externas de variação emocional, compreender a fundo sua atuação abre espaço para uma perspectiva mais ampla do que forma a saúde mental e emocional. Integrar práticas que promovam o equilíbrio hormonal e o bem-estar, como alimentação adequada, exercício físico regular e atenção ao sono, é uma maneira de alinhar o corpo e a mente para uma vida emocionalmente mais equilibrada e saudável.

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